quinta-feira, 22 de julho de 2010

ébrio

E, às vezes, como uma borboleta o coração se revela.

Como a areia da praia no vento.

Como uma dolorosa despedida de aeroporto.

Como um quadro perdido de metástase.

Como um estado crucial de apostasia.

O homem padece de uma gripe sinestésica a partir de então, seus sentidos enlouquecem.

Sente o amor com o faro, com as fotos, com o vento, com a ausência, com o choque, com os espinhos.

Repentinamente, o amor avança para um estágio tão nocivo... ganha a inebriante beleza das estrelas de nêutrons,que envolve por sua beleza, seu tamanho perolado, mas só quer que a levantemos pra sentir suas toneladas.

É nesse suspender estelar que tudo dói.

Dói saber que a pessoa existe.

Dói a certeza quase fulminante de que essa pessoa não te quer, de que ela não de deseja vivo da forma como você a deseja.

Dói desejar com todas as forças da palavra desejo.

Dói perceber que ela não te respira, não te vê, não te sente em todo o lugar como o sentido de tudo.

Dói tanto! É como se esmagassem todos os seus sonhos.

Dói como a dor de haverem desordenado as setas para as suas direções.

Dói como a dor de soterrar a fé, como a sensação de sentir o peso do mundo em seu peito.

É um martírio tão gostoso, uma vontade cega de querer vencer se perdendo...

É, definitivamente como uma borboleta.

Não há comparação mais perfeita.

Não há comparação mais indomável, mais impermanente, mais imprevisível e mais direta.

Quando você pousar em mim, esquecerei-me de todos os pesos de todas as estrelas que projetei.

Esquecerei o mar de melancolia transpassando em mim.

Esquecerei o frio apavorante de estar só mesmo com todo mundo.

Lembrarei de meus lábios úmidos, meu corpo molhado, meu semblante sereno, mas de predador, e dessa vontade alastrante que precisei emudecer por um momento de nos fazermos felizes,

Mas é só até você pousar em mim.

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