segunda-feira, 19 de julho de 2010

Certa apaticidade

Por tanto tempo tenho vestido uma carcaça humana tão vulnerável e sufocante, que às vezes penso não conseguir nunca mais desgrudar meu corpo de minha aura. É como se estivesse preso em uma prisão da exata medida do meu corpo. Tudo tem um toque tão mais apático assim. Eu preciso me domar um pouco melhor, deve ser falta de adestramento – só pode! Pensar nos propósitos de existência deste jeito parece tão insípido: Atingir o nirvana soa como padecer de um infindável e abismático tédio; amar alguém me lembra mais os grilhões enferrujados e pesados de amordaçar escravos do que uma completa entrega recíproca de almas mutuas; se eu for o exemplo de todos, quem vai ser o meu exemplo?

Não, eu não nasci pra ser rei! Não nasci para ter tudo quanto minha ganância me obrigasse a ter com facilidade. Facilidade é palavra de vocabulários de frouxos, não sei se é tão legal assim comportá-la no dicionário pessoal de bolso. Também não nasci para a mendicidade. Nego do direito de precisar demais. Precisar demais é escorar-se. Embora todos os meus instintos apontem para o extremo, eu quero o meio. O meio que divide o ser forte do ser frágil, o ser gigante do ser minúsculo, estar entre o que oferece a mão e o que nela segura, anular as direções – sem esquerda ou direita – Abster-se de qualquer felicidade sufocante, que de tão grande asfixia, e de qualquer sedutora melancolia.

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