terça-feira, 25 de agosto de 2009



Com um suspiro pesado e incontrólável, finalmente resolveu parar. Já havia andando tanto que suas pernas pareciam implorar que ele parasse. Parou, e lá ficou. Observou atentamente e com o máximo de destreza possível tudo quanto pudesse captar. Observou como seu coração batia mais frenético que compassado, deduzindo uma possível cegueira temporária da parte da mente. Observou o quanto seu corpo estava deseperadamente aproveitando o descanso no caminho, era algo como um cativo que decorava os segundos de liberdade ao mesmo tempo em que se prepara para voltar às grades.Como demorou que ele chegasse ali... como vai demorar ele chegar até onde pretendia. Olhou para trás e percebeu as marcas de seus sapatos no chão; percebeu as linhas grossas que arrombavam o chão de quando ele foi carregado e seu calcanhar foi se arrastando na areia; percebeu os momentos em que ele pensou que estava caminhando acompanhado, mas lá só haviam o registro dos seus passos. Sentiu-se desenfreadamente só, asperosamente só, melancolicamente só. Partindo da solidão... decidiu que o caminho escolhido era inútil, pois não levava aonde ele queria chegar (E onde é que é mesmo?). Levantou-se e despiu-se de toda a conexão com os antigos ideais, estes não eram mais bens e sim prejuízos! É a hora de pegar outra direção.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Sopro



E como se as folhas sofressem de asma, o vento lhes sopra uma tentativa deseperada de preencher seus meandros com a fragrância da vida. Antes tão rarefeito, tão esparso, agora tudo parece tão imprevisível. Não se sabe onde o vento quer chegar, só sabemos que ele chega e, se quiser, pode até nos levar com ele. Nunca o vi, porém sempre confiei no ar para enxugar as lágrimas quando elas ardem, potencializar o sorriso quando eu quero que ele se propague, e espalhar todo o sentimento que meu corpo puder exalar. Sinto como se eu fosse em detrimento da ventania que sacode o lixo perto da minha casa. Tanta coisa revirada quando eu quis jogar fora, tentando ocultar até de mim o que eu não tinha coragem de me mostrar e que agora está alí... jogado e remexido. Para que as coisas sejam fortes o suficiente pra se manterem estáveis perante os furacões,é necessário tempo. Não tempo de contar quantos dias passaram-se, mas o tempo de saber que valeu a pena sentir o vento bater e impulsionar. Sopro.