terça-feira, 29 de junho de 2010

Ponderações sobre sentir...




Há uma dádiva muito grande em sentir um desejo. Cada pedaço, ou sequer resquício, vem dotado de uma delicadeza de sabor inebriante. Os sentidos se anestesiam, como se fizessem fusão nuclear em meio a um grande cataclismo de fragrâncias... direcionando toda a energia a um único propósito apoteótico: sentir. Sentir com o sentido de dominar, abrigar dentro de si tudo quanto o corpo, num delicioso êxtase, clama por devorar. Pede com tamanha urgência que toda a atmosfera humana se expande a um estado irremediável de abstinência. E assim.. com todas as moléculas dotadas de uma avareza apocalíptica, montam em um fugaz instinto até a saciedade.
Que vontade... que vontade!
Eu quero!

domingo, 27 de junho de 2010

Tijolo por tijolo


Estou me considerando podre.
Alguém dotado de um pateticismo interno. Maldita (ou bendita?) condição humana: nada em mim me interessa (?). Uns blocos da gente parecem mais punições do que, de fato vida, e é isso que me incomoda: onde foi que eu deixei a fé? Eu tinha certeza de que estava por aqui... mas onde foi que eu deixei?
Sentado e fadado, apoiando a cabeça com o meu pescoço, apoiado por meus ombros morrendo de medo que a simetria se desmanche, exerço o grande dom humano de ponderar. Mais que isso: Exerço o grande dom humanóide de ponderar no vazio.
Afinal... em que hei de pensar?
Em como as minhas rugas estão latentes e quando tocando a superfície de minha epiderme? Pensar em como admiro minha bagunça interna por ser milimetricamente posicionada e mesmo assim não deixam-na de dar o nome de bagunça? Em como eu tenho uma urgência de ser feliz, que se transforma no erro de ser feliz? Em como eu exponho meus defeitos me tornando vulnerável à picada de insetos?
...
Sabe o que acontece aqui? É que a vida me deu o incrível presente da desconstrução.
E me considerarei feliz por isso!

segunda-feira, 21 de junho de 2010


Eu prometi a mim mesmo não escrever sobre sentimentos menores, aqueles que injetam altas doses de ilusão na corrente sanguínea. Já prometi não comentar coisas que me afetem, que me sufoquem, que me paralisem. Também prometi ser um guerreiro que luta, mesmo completamente aniquilado pela perda. Prometi esconder fatos de mim, pedindo pra outras pessoas esconderem. Prometi me jogar ao amor da cabeça aos pés... errei? Prometi não ter medo de ajoelhar e orar pra que não ocorra nada que não tenha que ocorrer. Jurei que eu distribuiria o perdão para todos que incondicionalmente precisassem. Prometi que gostaria pra sempre de tanta coisa... de tantas pessoas... Prometi não ser mais esse bando de defeitos... mas o que acontece se eu não for isso? Prometi que iria a algum lugar que não sei bem qual é só pra sair da situação: Prometi ir alí e voltar logo. Prometi exercer o orgulho de não chorar mesmo morrendo de vontade. Prometi não me aborrecer mais pensando no que poderia ter sido e correr atrás do que ainda pode ser. É, eu já prometi esquecer o inesquecível, arrancar o que não desgruda, tentar vencer o que não aceito que perdi. Que vergonha, eu prometi jamais dizer "eu te amo" em vão...
Por trás de todas essas promessas... o que eu realmente queria?
-Eu não sei.
Mas estranhamente, estou muito feliz em saber que eu não sei.