sábado, 23 de janeiro de 2010

Fragrância



Entre as conversas de urubus que planavam sobre o meu céu, percebo a fragrância de conversar voando, mesmo sendo um urubu. Olho para cima, com a cabeça desenhando levemente o percurso da subida, e procuro sentir a fragrância das nuvens (Elas também encobrem o meu céu?) oculta em suas formas e peculiaridades. Se alguém cortasse a corda... como seria ver as nuvens despencando?

É tão bom sentir o gosto que o cheiro tem. Perceber por minhas narinas o mundo.. sentir ele entranhar em meus sentidos.. correr por minhas veias respiratórias como uma comunhão de sangues. Sentir o sabor que a natureza tem deveria ser um merecimento para poucos. Se eu inspirasse como toda a força.. o mundo todo caberia nos meus pulmões?

Feche os olhos.. tranque a boca... cerre os ouvidos... e respire. Respire como quem se sente entrar em um estado de budeidade; Como quem precisa decorar todas as linhas do corpo humano com o nariz; como quem quer se embriagar na essência que o mar tem... e que seus perigos também. Deguste a emanação das idéias percorrendo em um sopro leve, simples. Um sopro que te abrace e te prenda. mas mesmo assim, não se sinta acorrentado. Mas se você se sentir assim... apele para o som da inalação. Deixe isso te acalmar.

Atinja o nirvana de sentir o cheiro de tudo que há no mundo.

O cheiro de chorar...

A essência de tocar sem nenhuma parte do corpo...

A fragrância de querer...

Xxxxxx....

Sssssssss...

Vvvvvv.....

Ffffffff.....

mmmmmmm....

Iago J. Dzetell