segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Sopro



E como se as folhas sofressem de asma, o vento lhes sopra uma tentativa deseperada de preencher seus meandros com a fragrância da vida. Antes tão rarefeito, tão esparso, agora tudo parece tão imprevisível. Não se sabe onde o vento quer chegar, só sabemos que ele chega e, se quiser, pode até nos levar com ele. Nunca o vi, porém sempre confiei no ar para enxugar as lágrimas quando elas ardem, potencializar o sorriso quando eu quero que ele se propague, e espalhar todo o sentimento que meu corpo puder exalar. Sinto como se eu fosse em detrimento da ventania que sacode o lixo perto da minha casa. Tanta coisa revirada quando eu quis jogar fora, tentando ocultar até de mim o que eu não tinha coragem de me mostrar e que agora está alí... jogado e remexido. Para que as coisas sejam fortes o suficiente pra se manterem estáveis perante os furacões,é necessário tempo. Não tempo de contar quantos dias passaram-se, mas o tempo de saber que valeu a pena sentir o vento bater e impulsionar. Sopro.

Um comentário:

  1. Quem lê Clarice fica assim... solto com as palavras, levado pelas ventanias das emoções, vôos sem rota...
    Tudo lindo!
    Beijo imenso!

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