sábado, 7 de agosto de 2010

Depois de você


Por longos anos a gente se acostuma.

A negligenciar o lugar vazio tão apavorante ao nosso lado;

A pensar no amor somente enquanto um verbo inconjugável na primeira pessoa no plural ou somente no futuro do pretérito;

A passar por cima da dor de perceber que preenchemos todos os buracos, mas só resta vazio o único que não somos nós quem preenche.

A relutar no eu e não pensar em nós;

Conformamo-nos em permanecermos sós.

A gente se conforma em crescer mesmo faltando uma única raiz, justamente a que pode pôr tudo abaixo por falta de equilíbrio.

Até que chega alguém e desestabiliza toda a nossa órbita.

Alguém... TINHA que ser alguém!

Tinha que ser O alguém.

É aí que o mundo todo gira em outra direção.

Arranca todos os alicerces podres do chão.

Reposiciona em força vulcânica novas setas para seguirmos e nem pergunta se é essa a direção que queremos.

Faz um estardalhaço tão brutal dentro de nós que por um período a gente estranha.

Estranhamos tudo dentro da gente. Tudo está tão diferente.

É como deixar a casa de um jeito e retornar com tudo reposicionado.

Depois que esse furacão passa, deixa um enorme rastro nem um pouco nocivo.

Bate uma necessidade urgente, imperdoável e desesperadora de acalentar a alma na companhia do outro.

Tudo fica infinitamente mais vago, frio , embaçado e potencialmente mais difícil quando o eu está longe do você.

Um, como um doce e bom vício, precisa do outro.

É quando o sol amanhece mais lindo por saber que você está no mundo,

Quando a natureza toda floresce em sua homenagem,

E quando Deus decide celebrar sua existência criando o amor.

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