Por longos anos a gente se acostuma.
A negligenciar o lugar vazio tão apavorante ao nosso lado;
A pensar no amor somente enquanto um verbo inconjugável na primeira pessoa no plural ou somente no futuro do pretérito;
A passar por cima da dor de perceber que preenchemos todos os buracos, mas só resta vazio o único que não somos nós quem preenche.
A relutar no eu e não pensar em nós;
Conformamo-nos em permanecermos sós.
A gente se conforma em crescer mesmo faltando uma única raiz, justamente a que pode pôr tudo abaixo por falta de equilíbrio.
Até que chega alguém e desestabiliza toda a nossa órbita.
Alguém... TINHA que ser alguém!
Tinha que ser O alguém.
É aí que o mundo todo gira em outra direção.
Arranca todos os alicerces podres do chão.
Reposiciona em força vulcânica novas setas para seguirmos e nem pergunta se é essa a direção que queremos.
Faz um estardalhaço tão brutal dentro de nós que por um período a gente estranha.
Estranhamos tudo dentro da gente. Tudo está tão diferente.
É como deixar a casa de um jeito e retornar com tudo reposicionado.
Depois que esse furacão passa, deixa um enorme rastro nem um pouco nocivo.
Bate uma necessidade urgente, imperdoável e desesperadora de acalentar a alma na companhia do outro.
Tudo fica infinitamente mais vago, frio , embaçado e potencialmente mais difícil quando o eu está longe do você.
Um, como um doce e bom vício, precisa do outro.
É quando o sol amanhece mais lindo por saber que você está no mundo,
Quando a natureza toda floresce em sua homenagem,
E quando Deus decide celebrar sua existência criando o amor.
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